25 de out. de 2011

Freud e seus Deuses

Freud sempre foi considerado cético, porém, havia uma parte dele que demonstrava muita sensibilidade e quem sabe até mesmo um instinto que o levava para perto dos Deuses antigos.

Freud comprou sua primeira obra de arte em 1896, depois que seu pai, Jacob, morreu. Freud ficou muito abalado com o acontecido.
"Eu preciso ter sempre um objeto para amar." - Freud confessou a Jung. Na minha opinião, isto se referia ao fato talvez inconsciente da sua necessidade em preencher a lacuna deixada por seu pai em sua vida.


  Freud se tornou um colecionador tão compulsivo que chegou a juntar um incrível acervo particular de mais de 2,5 mil vasos, estátuas, gravuras em relevo, bustos, fragmentos de papiros, pedras preciosas e ilustrações. O Freud colecionador tinha como principal característica seu ciúme com seus "Deuses velhos e encardidos", o que o levou a guardá-los todos a sete chaves em seu consultório, na Bergasse, em Viena, o que levou seu paciente russo Sergei Pankejeff, que lhe inspirou o texto "O homem dos lobos", a ter a sensação de estar em um gabinete de arqueólogo, tamanha a variedade de "estatuetas e objetos incomuns (...) de épocas há muito extintas."

No início, Freud comprava esculturas de gesso, mas quando começou a ganhar mais com a psicanálise, passou a adquirir peças verdadeiras.

O divã de Freud e diversas peças de sua coleção pessoal expostos no Freud Museum, em Londres.

Um dos heróis de Freud era Heinrich Schliemann, o aficionado bucaneiro que desenterrou o sítio de Tróia em 1871. Em 1900, Arthur Evans começou a estudar o palácio de Minos, em Knossos, Creta;
22 anos mais tarde, Howard Carter descobriu o túmulo de Tutankamon.
Foi durante este importante período para a arqueologia que Freud montou sua coleção, comprando por vezes até mesmo do mercado negro e de assaltantes de tumbas.

A gravura de Max Pollak, feita em 1913, revela o realacionamento do psicanalista com sua coleção. 
 



Ele para de escrever e admira seus Deuses sobre a mesa. Claramente, as imagens o inspiram. Seu fascínio por elas é estampado em seu olhar.

"Para Freud, as estátuas o ajudavam a estabilizar uma nova idéia e a evitar que ela lhe escapasse."
- Trecho do livro "Deuses de Freud" - Janine Burke

Para Freud, a religião cumpre a função de ajudar o ser humano a satisfazer na imaginação o que na realidade ele não se atreve ou não pode realizar na vida real. Para satisfazer estas necessidades, o indivíduo se identifica com um intermediário, que atua como "muleta" para que a pessoa possa seguir com sua vida. Desta maneira, o indivíduo assim se expressa: "Eu sofro, mas através de Cristo (ou de qualque outro Deus) os meus sofrimentos serão recompensados". 

Tudo isto nos mostra que o próprio Freud, em sua crítica sobre a religião, acaba nos mostrando que sua ligação com os Deuses e com a arte funcionava também como a "perna de pau" que o pirata usa para poder caminhar e seguir seu caminho.
E tudo isto vindo do cético e racional Freud, veja só!


Fontes:

- Livro "Deuses de Freud" - Janine Burke
- Revista Istoé 
- Anotações pessoais

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